Ao abrir em 27 de abril o evento de lançamento da Campanha Queda Zero, Maristela Honda, presidente do Seconci-SP e vice-presidente de Responsabilidade Social do SindusCon-SP, preconizou a necessidade de uma gestão para a prevenção de quedas nas obras.
“As quedas ocorrem por uma série de fatores que vocês certamente já conhecem. Mas quero destacar um deles: a falta de gestão na prevenção de quedas. Esta é uma responsabilidade da empresa. Quem faz uma gestão correta da prevenção de quedas, diminui consideravelmente o risco de acidentes”, afirmou Maristela.
Realizada em parceria com o SindusCon-SP, a campanha visa motivar as empresas a cumprirem efetivamente as Normas Regulamentadoras (NRs) 18, 35 e as demais ligadas a essas normas, e implementar as melhores práticas de gerenciamento na prevenção de quedas, buscando a redução de acidentes. O evento de lançamento ocorreu na sede do Seconci-SP, com mediação de Fatima Cardoso, gerente de Comunicação da entidade.
“As quedas nas obras respondiam por 40% dos acidentes graves e fatais na construção. Com a edição da NR 35, a incidência desses acidentes diminuiu para 28%. Mesmo assim, as quedas ainda provocam a maioria relativa dos acidentes nas obras”, informou a presidente do Seconci-SP.
“Vamos bater fortemente na necessidade de uma gestão da prevenção de quedas, ao longo dos próximos meses. Assim, cumprimos uma das tarefas do Seconci-SP, de colaborar com as empresas no cuidado com a saúde e a segurança do trabalhador da construção. E nos mantemos dentro da nossa dupla missão: salvar vidas, construindo o Brasil”, acrescentou Maristela.
A seguir, Haruo Ishikawa, membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP e vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, defendeu que as empresas assimilem a necessidade de fazer a proteção coletiva dos trabalhadores. Dirigindo-se aos engenheiros e técnicos de segurança presentes, afirmou: “Vocês têm que exigir que as empresas façam essa proteção”.
De acordo com Ishikawa, “o maior desafio é levar a informação sobre Saúde e Segurança do Trabalho (SST) aos canteiros, principalmente nas pequenas empresas”. Ele destacou o papel de divulgação exercido pelo Comitê Permanente Regional de São Paulo da NR 18 e pelas campanhas como a Canpat Construção.
O vice-presidente informou que o Seconci-SP, na ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), secretariou a elaboração do texto base da norma sobre redes de proteção, que irá à consulta nacional; começou a secretariar a elaboração do texto da norma de guarda-corpos provisórios, e, na sequência, participará da revisão da norma de andaimes. “O papel do Seconci-SP é de engajamento para levar a Saúde e Segurança do Trabalho a toda a comunidade da construção civil.”
Criar cultura de segurança
José Bassili, gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP, comentou que a campanha, por meio de fôlderes, cartazes, palestras e vídeos, “irá mostrar que a participação dos trabalhadores e o apoio da direção criarão uma cultura de segurança do trabalho e motivarão a redução das quedas. É fundamental que a determinação venha de cima para baixo nas empresas.”
Segundo o gerente, o material didático da campanha foi elaborado para colaborar com as empresas a fazerem a gestão de Saúde e Segurança do Trabalho. Os profissionais de SST e os consultores técnicos do Seconci-SP levarão as informações a todas as Regionais do Estado. E o material estará à disposição na Unidade Central, pelo e-mail relacoesempresariais@seconci-sp.org.br, e nas Regionais.
“Até o final de agosto todas as Regionais serão percorridas. Em novembro, teremos o 7º Prêmio Seconci-SP de Saúde e Segurança do Trabalho, e em dezembro participaremos do 4º Seminário Internacional de Trabalho em Altura, realizado pelo Instituto Trabalho e Vida”, prosseguiu Bassili, finalizando: “Um bom ambiente de trabalho com riscos controlados aumenta a produtividade e permite que o trabalhador retorne para casa sadio e com dignidade.”
Quatro pilares
A seguir, Gianfranco Pampalon, consultor técnico de SST do Seconci-SP, detalhou os quatro pilares da gestão de prevenção de quedas:
- Planejar os cuidados com o trabalho em altura, avaliar os cenários ao longo da obra e as alternativas para evitar esse trabalho. Classificar os riscos de queda e priorizar os maiores. Implementar um plano de ação para eliminar ou mitigar os riscos, definir responsabilidades, informar e capacitar as lideranças da obra. Analisar todas as doenças e acidentes que acontecerem, além dos incidentes que alertam sobre o que pode ocorrer. Ter um plano de gerenciamento e verificar a eficácia das medidas adotadas para a realização das tarefas com segurança. Não esquecer de que hidratação e períodos de repouso são fundamentais, para evitar o cansaço, um dos motivos da ocorrência de acidentes.
- Fornecer os equipamentos de proteção individuais e os sistemas coletivos. Realizar a instalação dos sistemas e das ancoragens adequadas, conforme projetados pelos engenheiros. Lembrar que a NR 6 determina que o cipeiro seja ouvido. Considerar a adequação do equipamento ao empregado e ao conforto do conjunto de trabalhadores.
- Treinar o trabalhador na utilização segura dos equipamentos e sistemas, e nos procedimentos de segurança no trabalho em altura. Apresentar-lhe o que figura no manual sobre eficácia, manutenção e armazenamento do equipamento. Inspecionar o sistema de proteção de quedas, inclusive entre o recebimento e a primeira utilização, e pelo menos a cada 12 meses ou antes, se necessário. Não esquecer da inspeção rotineira, feita pelo trabalhador diariamente antes da utilização. Ter um plano para resgastes de emergência, conforme dispõe a nova NR 35, que começa a vigorar em julho. Dispor de técnicas e equipamentos apropriados para o resgate. Fazer treinos simulados de resgate, lembrando que a NR 35 requer equipe bem treinada para essa finalidade.
- Liderar e supervisionar os cuidados com a prevenção. Mestres e encarregados precisam estar na linha de frente, avaliando as condições do trabalhador antes do trabalho em altura. Devem: aferir se o trabalhador está bem; fiscalizar uso correto dos EPIs e dos procedimentos; impedir atalhos perigosos; dar ordens de modo que a execução das tarefas seja feita de forma segura; apoiar e incentivar boas práticas de segurança; e ajudar o trabalhador a exercer o direito de recusa em caso de percepção de perigo, ouvindo-o sobre oportunidades de melhoria. Lideranças devem ser treinadas nesse sentido.
Pampalon ainda apresentou boas práticas e inovações em SST, tais como: trabalhar com BIM (Modelagem da Informação da Construção), que permite visualizar o projeto em três dimensões; novas proteções no envoltório da obra; câmaras com inteligência artificial que avisam sobre riscos na obra, tais como equipamentos largados no chão, falta de EPIs e reconhecimento de não conformidade de EPIs; e realizar inspeções de fachadas utilizando drones, evitando trabalho em altura.
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O consultor também chamou a atenção para cuidados, tais como planejar antes como instalar a linha de vida, a fim de não colocar o instalador em risco, e se capacitar para avaliar qual estrutura pode receber essa linha. “Investir em SST nunca é um desperdício, uma vida perdida é.”
Confira a galeria de fotos:
Veja a íntegra do evento de lançamento da campanha: