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Seconci-SP alerta para prejuízos do transtorno de jogo pela internet

A proliferação das “bets”, como são chamados os sites de apostas esportivas, tem contribuído para alimentar o hábito de apostar entre a população. Este hábito, em sua forma patológica, caracteriza-se como transtorno de jogo: o comportamento de passar muito tempo em jogos de apostas com resultado incerto, e que é altamente prejudicial à pessoa, por causar dependência e trazer impactos emocionais, sociais e financeiros.

O alerta é de Thaynna Santos, psicóloga do Seconci-SP. Ela explica que as áreas do cérebro estimuladas são equivalentes nos indivíduos dependentes de jogos e de substâncias. Em ambos, ocorrem alterações no neurotransmissor da dopamina, que traz sensação de bem-estar e age no sistema de recompensa do indivíduo.

“Isto estimula algumas pessoas a buscarem a repetição desta sensação de bem-estar, jogando com frequência cada vez maior. A dependência se caracteriza quando a pessoa altera toda a sua rotina, causando disfunções no trabalho, prejudica-se socialmente ao se afastar do convívio da família e dos amigos, e sofre consequências financeiras por gastar desmedidamente seus recursos. Confrontada com o problema, ela passa a jogar escondida e desenvolve sentimentos de culpa e vergonha de mostrar que segue jogando”, comenta Thaynna.

Facilidade pela internet

Segundo a psicóloga, o problema aumenta de dimensão pela facilidade de se jogar pela internet, que está à mão por meio de computadores e celulares. “Mesmo que percam as apostas, algumas pessoas voltam a buscar a sensação de recompensa no ato de jogar acreditando que ‘desta vez’ irão ganhar”, prossegue.

Tanto é assim que a última versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), da Associação Norte-Americana de Psiquiatria, incluiu o transtorno de jogos pela internet entre os transtornos de jogos que constam da lista de distúrbios mentais daquele manual desde a década de 80.

A psicóloga observa que o transtorno aparece predominantemente em homens que não relatam o problema e não buscam ajuda, por dificuldade de cuidar da própria saúde. “Além disso, ainda há poucos espaços de diálogo sobre o transtorno de jogos pela internet, diferentemente do que ocorre com a dependência química. ”

Os trabalhadores das empresas contribuintes ao Seconci-SP ou seus familiares que desejarem se tratar podem procurar o Serviço Social da entidade. Depois de passarem por avaliação médica, eles poderão ser incluídos no Grupo de Apoio que também trata de dependentes químicos, onde as pessoas se encontram uma vez por mês, trocam experiências, apoiam-se mutuamente e são orientadas por uma equipe multidisciplinar de psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais para evitarem recaídas.

+ Leia também: Seconci-SP alerta para “epidemia de miopia”

“Se você perceber que um familiar ou amigo está jogando compulsivamente, se isolando, deixando de fazer atividades ou apresenta baixo rendimento no trabalho, oriente-o a buscar ajuda profissional de psiquiatras e psicólogos. Pode ser que ele necessite também tratar de outras comorbidades psiquiátricas que estejam junto com o transtorno de jogos e necessite passar por tratamento psiquiátrico e/ou terapia para melhorar sua saúde mental”, recomenda Thaynna.

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