Os riscos e acidentes com eletricidade, muitos deles banais, nos canteiros de obras, e um sistema inovador de segurança contra quedas foram os destaques da 3ª Reunião On-Line do Comitê Permanente Regional do Estado de São Paulo (CPR-SP), da Norma Regulamentadora 18 – Saúde e Segurança do Trabalho na Indústria da Construção, em 9 de maio.
Na abertura do evento, o auditor fiscal Antonio Pereira do Nascimento alertou sobre PGRs (Programas de Gerenciamento de Riscos) superficiais, que não atendem ao disposto da NR 18. Ele ainda lamentou que proliferam linhas de vida inseguras, sem amparo na norma e em projetos corretamente elaborados. Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP e membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP, afirmou que os fatos expostos requerem a realização de mais eventos de esclarecimento sobre a PGR e a linha de vida.
Acidentes elétricos
Noventa e nove por cento dos acidentes de origem elétrica são evitáveis, afirmou o engenheiro eletricista Edson Martinho, diretor executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade).
Martinho mostrou que em 2022 foram noticiados no país 1.828 destes acidentes, causados por choques elétricos, incêndios e raios, com mais de um terço deles tendo ocasionado mortes. Na construção civil, pedreiros, pintores e seus respectivos ajudantes são as maiores vítimas. Os locais de maior incidência de acidentes ocorrem na rede aérea e dentro de casa. E a incidência dos incêndios por instalação elétrica mal feita está aumentando.
Ele lembrou que a NR 10/2004 não só segue atual sobre a questão, como sua aplicação é exigida pela NR 18nas instalações elétricas dos canteiros de obras, tornando-as mais seguras.
A seu ver, a forma de se trabalhar é o grande problema. Não adianta só querer cumprir a norma, é preciso também pensar se todos os cuidados estão sendo tomados para evitar os acidentes elétricos e controlar os riscos de forma segura. A Norma 16384 ajuda neste sentido, comentou.
Ele lamentou que há muitos profissionais não legalmente habilitados que estão realizando projetos de instalações elétricas. Criticou também fios incorretamente expostos e outras falhas, como erros no isolamento e no sistema de aterramento. E alertou para a necessidade dos dispositivos de segurança (DRs).
Martinho também reforçou a necessidade de se atender à NBR 17018, que especifica os requisitos para as instalações elétricas de canteiros de obras de construção e de demolição.
O auditor fiscal Antonio Pereira comentou recente morte de eletricista por trocar uma lâmpada dentro da cabine do elevador da obra, além de ligações inadequadas de máquinas e outras falhas banais.
Execução de estruturas
Milton Oliveira, engenheiro civil e de segurança do trabalho, abordou a segurança na execução de estruturas, com foco nas torres de concreto.
Em sua apresentação, o engenheiro reforçou a necessidade de se atender ao disposto na NR 18, instalando a proteção coletiva contra quedas de pessoas e projeção de materiais em toda a periferia da obra, para execução da primeira laje.
Segundo afirmou, os sistemas de proteção coletiva ideais devem atender às normas técnicas (algumas em elaboração), proporcionar segurança ao trabalhador, impedir quedas, e ter segurança na instalação, no deslocamento vertical e na remoção.
Ele apresentou um sistema de proteção periférica deslizante, utilizado em obras no Rio Grande do Sul, e mostrou como deve ser feita sua instalação, desde antes da colocação das fôrmas para a execução da primeira laje. O sistema fornece proteção aos seus instaladores e aos executantes da laje, disse.
O equipamento é locado pela Metalúrgica Capivari, por metro. Permite também utilização em estruturas curvas. Apresenta soluções para lajes reentrantes ou salientes. O projeto especifica a necessidade de aterramento com o sistema da própria obra.
Prêmio Seconci-SP
Na abertura da reunião, José Bassili, gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP, relatou os lançamentos do 7º Prêmio Seconci-SP de Saúde e Segurança do Trabalho e da Campanha Queda Zero, entre outros eventos da área prevencionista. Ele informou que o texto final da proposta de norma técnica de redes de proteção seguirá em breve à consulta pública. Em paralelo, avançam os trabalhos de elaboração da norma de guarda-corpos provisórios.
Marcos Antonio de Almeida Ribeiro, vice-presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho no Estado de São Paulo (Sintesp), informou que o Prêmio SST Sintesp já está no ar, aberto à participação por meio do site daquela entidade.
João Carlos Pires Campos, engenheiro de Segurança do Trabalho do Senai, convidou os interessados a participarem da futura elaboração da norma técnica sobre serras.