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Construção combaterá violência contra crianças e adolescentes

Luciana Temer (ao centro) com representantes das entidades parceiras, na assinatura do protocolo

As entidades representativas das empresas e dos trabalhadores da indústria da construção assinaram em 2 de dezembro um protocolo de intenções com o Instituto Liberta, pelo qual se comprometeram a “envidar os esforços necessários para o fim de todas as violências sexuais contra crianças e adolescentes por meio da comunicação e conscientização”.

Para tanto, as entidades formarão um grupo de trabalho que desenvolverá e executará um plano de ação. O grupo será coordenado pelo SindusCon-SP, por meio da Vice-Presidência de Responsabilidade Social, exercida pela presidente do Seconci-SP, Maristela Honda, e da Vice-Presidência de Relações Capital-Trabalho, exercida pelo conselheiro do Seconci-SP, Haruo Ishikawa.

Além do Seconci-SP, assinaram o convênio SindusCon-SP (Sindicato da Construção), Abrainc (Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias), Secovi-SP (Sindicato da Habitação), CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção de São Paulo), Feticom-SP (Federação dos Trabalhadores da Indústria da Construção do Estado de São Paulo) e Instituto Liberta.

A assinatura ocorreu em reunião com a participação de representantes destas entidades com a diretora do Instituto Liberta, Luciana Temer. Na ocasião, Maristela Honda disse que “precisamos fazer muito mais do que fazemos nas obras, com muita responsabilidade, em relação a este grandioso projeto de combate à violência doméstica”. Ela se comprometeu a engajar o Seconci-SP para levar a campanha às obras e às comunidades. Mencionou ainda o Hospital da Mulher, administrado pelo Seconci-SP, e outras ações desta entidade em relação ao tema.

Haruo Ishikawa afirmou estar bastante animado com a parceria com o Instituto Liberta.

Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP, assinalou a importância do combate à violência doméstica, objeto de campanha desenvolvida pela entidade junto com o Seconci-SP (Serviço Social da Construção) nos canteiros de obras do Estado de São Paulo. “É impossível não nos indignarmos com a violência contra crianças e adolescentes”, salientou.

Ely Wertheim, CEO do Secovi-SP, lembrou que a entidade já fez parceria com o Instituto e se colocou à disposição.

Culpa e vergonha

Luciana Temer apresentou as ações do Liberta, criado por iniciativa do empresário Elie Horn (Cyrela). Ela informou que 5 estupros de menores de 13 anos acontecem a cada hora, a maioria praticados por familiares dentro da residência, e muitos deles se iniciam sem violência. Boa parte das crianças silencia e só se dá conta da violência posteriormente, tendo culpa e vergonha pelo ocorrido.

O Liberta, prosseguiu, parte do princípio da educação, esclarecendo os adultos sobre o problema, e as crianças nas escolas, despertando nelas o conhecimento sobre a questão. Boa parte das denúncias surge a partir da escola. O problema atinge a sociedade como um todo, pois a cada hora nascem cinco bebês de mães com 15 anos de idade. Nem todos nascem de estupros, mas há necessidade de intensificar as ações em favor da maternidade responsável e de combate à pornografia, a qual incita meninos de 13 anos a reproduzirem o que veem em irmãs ou outras meninas menores.

Ela informou que muitos casos são evitados quando a criança diz “não” à tentativa de estupro. “Queremos empoderar crianças e adolescentes a dizerem ‘não’”, destacou. Citou estudo do Banco Mundial que mostra que o Brasil perde US$ 3,5 bilhões por ano por conta da gravidez precoce de adolescentes. E lamentou que o SUS não tenha um atendimento especializado para crianças vítimas de estupro. “Se não enfrentarmos a questão na infância, estaremos enxugando gelo em relação ao feminicídio de adultas”, comentou.

O Instituto disponibilizará, para as empresas, filmes de conscientização, para divulgarem entre seus funcionários e prevenirem a violência contra crianças e adolescentes. Luciana ainda mencionou que só nas rodovias federais há 9 mil pontos de prostituição infantil. E informou que no Reino Unido, é obrigatório, nas escolas, falar sobre prevenção à violência sexual de crianças e sexualidade saudável para jovens. Isto reduziu esta violência e mitigou a gravidez precoce.

Regina Silvério, secretária adjunta da Secretaria Municipal de Gestão de São Paulo, afirmou que o poder público tem responsabilidade na prevenção, e não só de cuidar das vítimas depois que a violência ocorreu. Comentou que muitos estupradores também sofreram violência sexual quando crianças. E destacou a importância de se olhar quem está ao seu redor, para detectar desvios de comportamento.

Antonio Ramalho, presidente do Sintracon-SP, afirmou que há 40 anos acompanha a questão, participando de iniciativas de conscientização. Mencionou as vítimas que se suicidam ou se mutilam. Elogiou a iniciativa da parceria e se colocou à disposição.

Gilmar Guilhen, presidente da Feticom-SP, disse ser assustadora a dimensão do problema. Manifestou preocupação com o fato de pais se oporem a que nas escolas e nas igrejas se debatam estes e outros temas relacionados com a sexualidade.

Camila Alhadeff, diretora executiva do Instituto Mulheres em Construção, relatou que sua entidade atende muitas vítimas de violência doméstica. Destacou a importância de conscientizar as mulheres a identificarem a questão e envolver os trabalhadores da construção.


Ronaldo Cury, vice-presidente de Relações Institucionais do SindusCon-SP, colocou os canteiros de obras à disposição para o trabalho de conscientização. David Fratel, membro do CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade), afirmou que o Fórum Permanente de Negociação do SindusCon-SP, onde participam Seconci-SP e Sintracon-SP, está à disposição para trabalhar a questão nas obras.

Mario William Esper, presidente da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), relatou que sua entidade, junto com o Instituto Nós por Elas e o STF, elaborou uma norma de gestão para as empresas, que define tipos de assédio e procedimentos a serem tomados.

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