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Cigarros eletrônicos revertem conscientização sobre malefícios do tabagismo

Os cigarros eletrônicos ou vapes continuam ingressando no país e colocando em risco a saúde das pessoas. Isto, apesar de continuarem tendo proibidos sua fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda por Resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), publicada em 24 de abril.

O alerta é da dra. Marice Ashidani, pneumologista do Seconci-SP, por ocasião do Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio). “Segundo a Organização Panamericana de Saúde (Opas), nos últimos 20 anos houve diminuição de 28% dos fumantes nas Américas, graças à conscientização sobre os males do fumo. Mas esta conquista está se revertendo por conta do aumento do uso dos vapes e narguilés, principalmente entre os jovens”, comenta a médica.

A dra. Marice contesta a alegação de que os cigarros eletrônicos fariam menos mal à saúde que os cigarros convencionais. “Com certeza os vapes não são inócuos, pois contêm substâncias de procedência e efeitos desconhecidos. Pesquisadores do Incor (Instituto do Coração) descobriram que os usuários desses eletrônicos absorvem uma quantidade de nicotina equivalente a 20 cigarros por dia, sujeitando-se à dependência e a múltiplos problemas de saúde”, afirma.

 

Males do cigarro

 De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo responde por 8 milhões de mortes no mundo, das quais 1 milhão nas Américas. O hábito de fumar é a causa evitável de morte mais prevalente no mundo, vitimando um em cada dez adultos.

O tabagismo expõe os fumantes a 7 mil componentes químicos, causando cerca de 50 doenças diferentes, entre as quais problemas cardíacos e câncer. Ao fumar um único cigarro, a pessoa inala milhares de substâncias tóxicas, como monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína e outras 43 cancerígenas, como arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo e resíduos de agrotóxicos. “Além disso, a temperatura da fumaça é outro elemento muito nocivo à saúde, inflamando os tecidos de toda a área das vias respiratórias”, comenta a dra. Marice.

Para a pneumologista, “o tabagismo geralmente começa na adolescência, fase que gera angústia e conflitos nos jovens, e também por influência dos grupos de amigos. Neste período, os pais devem conversar com os filhos, falar dos malefícios físicos e psíquicos da droga, como dependência e risco de uso abusivo. E devem procurar identificar, junto com os filhos, as causas psicológicas e sociais que podem levá-los ao tabagismo, buscando aliviá-las”.

 

Melhorando a saúde

A dra. Marice chama a atenção para oito benefícios de se abandonar o consumo de tabaco:

  • Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal.
  • Após três horas, não há mais nicotina circulando no sangue.
  • Após oito horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.
  • De 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor.
  • Após dois dias, o olfato já percebe melhor os cheiros, e o paladar já degusta a comida com mais precisão.
  • Após três semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação sanguínea melhora.
  • Após um ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade.
  • Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.

 

Parar de fumar

De acordo com a médica, as pessoas que quiserem parar de fumar devem ter muita determinação. Trabalhadores da construção civil e seus familiares que desejarem abandonar o tabagismo terão apoio ambulatorial e psiquiátrico do Seconci-SP para fazê-lo.

“Parar de fumar exige que a pessoa esteja determinada. Recaídas acontecem, geralmente relacionadas a vínculos comportamentais, como estar em uma balada ou beber com amigos. Nesses momentos, a pessoa deve tentar se conter e refletir sobre os prejuízos do tabagismo que podem ser fatais para sua saúde. E se não conseguir, ela não deve encarar isso como uma derrota e sempre pode tentar novamente”.

Além do Seconci-SP, os trabalhadores da construção civil e seus familiares podem buscar tratamento em centros de apoio da rede pública de saúde, que fornecem adesivos para a redução gradual da dependência de nicotina e, se necessário, medicamentos para a ansiedade.

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