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Acesso excessivo às redes sociais prejudica o aprendizado e a saúde mental

Saúde é o estado de completo bem-estar físico e mental, explica o dr. Clemente Soares Neto, psiquiatra do Seconci-SP, por ocasião da campanha Janeiro Branco, sobre a importância da saúde mental. “A pessoa é saudável se tiver saúde física e mental, pois uma interfere na outra. Assim como cuidamos da saúde física, fazendo exames periódicos clínicos e laboratoriais e procurando o médico quando surge algum problema, temos que fazer o mesmo em relação à saúde mental.”

O dr. Soares comenta que os casos de transtornos como ansiedade e depressão têm se elevado, porém por motivos diferentes daqueles existentes na pandemia de Covid, que afetou a saúde mental das pessoas doentes ou não, em todo o mundo. “Muitos morreram, no início não havia vacinas, em alguns lugares faltou oxigênio, todos se isolaram, andava-se mascarado. Adoecíamos emocionalmente. A Covid foi um sinal muito forte de como somos frágeis, gerando uma grande crise mundial de transtornos mentais que aumentaram em todos os países.”

“Esta situação – prossegue – nos despertou para o conhecimento do grande número de casos de ansiedade, depressão, irritabilidade, e que hoje, entre outras razões, decorrem do acesso à internet e às redes sociais, potencializado pelo uso excessivo do celular.”

O dr. Soares explica que o engajamento excessivo nas redes sociais afasta a pessoa do enfrentamento dos problemas do cotidiano, como os financeiros e de relacionamento pessoal e profissional. “Escapa-se para um ambiente digital de extremos, com situações ou prazerosas ou de violência e desgraças. Acessando o tempo todo o celular, as pessoas se isolam, abalando sua saúde mental”, afirma.

“O uso excessivo do celular prejudica a interação com a família, limita os amigos ao grupinho que fala sua língua na internet, não traz aprendizado nem abre a pessoa para novas experiências e amigos. Pais não controlam o uso de celular pelos filhos, quando deveriam fazê-lo. A Inteligência Artificial e a internet dizem o que você deve comprar, onde ir, presta-se a golpes e até traz desafios que induzem ao suicídio. A maioria da nova geração não pega um livro e pouco aprende. Não é à toa que o celular foi proibido nas escolas.”

Relacionamento com as chefias

Levando esse cenário para o mundo do trabalho, o dr. Soares relata haver casos de pacientes que comparecem ao consultório queixando-se de serem maltratados ou assediados por suas chefias e solicitando um ansiolítico recomendado por um mecanismo de busca na internet.

“Querem uma solução mágica em vez de buscar dialogar com o gestor e resolver questões de relacionamento que às vezes são mesmo difíceis, dependendo do perfil de cada um. Chefes e subordinados não conversam, estes sentem que só são cobrados e não levados em consideração, têm sua saúde emocional afetada, irritam-se, têm o sono prejudicado, não trabalham direito e acabam sendo demitidos ou pedindo afastamento”, comenta o psiquiatra.

O médico ainda observa que, se de um lado têm aumentado os casos de ansiedade e depressão, de outro têm sido poucos os casos de transtorno de jogo motivados pelo envolvimento compulsivo com os sites de apostas (“bets”).

“Hoje há uma percepção maior sobre os transtornos emocionais, e a procura por serviços de saúde mental se elevou muito. As pessoas mais informadas têm procurado tratamento especializado para ansiedade, depressão, distúrbios de conduta, o que é bom.”

Conheça os cuidados recomendados para uma boa saúde mental

Para enfrentar o estresse da vida cotidiana e prevenir transtornos emocionais, o psiquiatra faz as seguintes recomendações:

  • dedique um tempo a você; pare para pensar, para ficar com você mesmo e refletir sobre como estão suas emoções;
  • cuide das suas relações pessoais e profissionais, converse mais, interaja;
  • faça atividade física, mesmo que seja só uma caminhada em um parque, a natureza faz bem para o corpo e a mente;
  • alimente-se bem, com comida saudável, incluindo frutas e verduras;
  • dedique seus momentos de lazer a fazer do que gosta;
  • durma bem, providencie uma cama confortável, em um quarto silencioso e escuro;
  • deixe determinadas preocupações de lado. Por exemplo, não se cobre tanto. Fazemos só o que somos capazes de realizar. Então, faça o possível. Pensar que somos super-homens ou salvadores da pátria acaba provocando frustrações e culpa;
  • esqueça as redes sociais que colocam você em um mundo maravilhoso ou de desgraça. Use a internet de maneira consciente e estritamente o necessário, cuidando da sua saúde e dos seus familiares e amigos;
  • evite situações que comprometam a saúde. Busque a paz, e não soluções mágicas como vícios.

Se ainda assim você estiver com dificuldades, procure ajuda profissional de um psiquiatra ou psicólogo isento de qualquer vínculo consigo, que irá ajudá-lo e orientá-lo.

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