“As mulheres agregam valor às empresas, mediante perspectivas únicas, habilidades e abordagens inovadoras. Cabe a nós, mulheres, alcançarmos nossos objetivos. A mulher pode tudo. Devemos participar em todos os projetos, com os nossos propósitos. Somos livres, leves e fortes.”
As afirmações foram feitas por Maristela Honda, presidente do Seconci-SP, na abertura do evento comemorativo do 1º aniversário do projeto “A metamorfose das mulheres que constroem”, em 16 de maio, no auditório da entidade.
O projeto objetiva valorizar a mulher e lhe proporcionar informações e mentorias para seu desenvolvimento pessoal e profissional. É realizado pela MConsult Engenharia, em parceria com o Seconci-SP, o Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de São Paulo) e a Força Sindical.
Maristela anunciou que o compromisso da construção civil com a inclusão de mulheres no setor foi reafirmado nas convenções coletivas de trabalho assinadas na semana passada entre SindusCon-SP, Sintracon-SP e Feticom-SP (Federações dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de São Paulo).
“Nossas entidades definiram que vão buscar conjuntamente a inclusão e a qualificação de mulheres, jovens, idosos, minorias, pessoas com necessidades especiais ou socialmente desfavorecidas. Com isso, elas se comprometeram a promover e defender uma cultura que enfrenta preconceitos, acolhe a pluralidade e respeita a diversidade.”
De acordo com a presidente, a participação das mulheres na construção tem sido “crescente e estratégica para melhorar a produtividade das empresas, a criatividade e a segurança nas obras”. Dos 2,8 milhões de trabalhadores na construção, estima-se que cerca de 300 mil sejam mulheres, acrescentou.
“Mas ainda há um caminho a percorrer, demonstrando que a mulher tem seu valor na construção civil. Para isso, ela precisa ser bem formada e ter cuidado com a segurança nos canteiros de obras.”
“A mulher deve se ver ao lado do homem e não ser submissa a ele. Ter força de vontade, estudo, determinação e coragem, buscando oportunidades e seus direitos”, prosseguiu. Manifestou orgulho por 80% dos 18 mil colaboradores do Seconci-SP serem mulheres. E homenageou Antônio Ramalho, presidente do Sintracon-SP, por sua abertura à inclusão das mulheres na construção e na sociedade.
Catástrofe no Sul
Ao abrir o evento, Aline Guasti, sócia e CEO da MConsult e fundadora do projeto, promoveu um minuto de silêncio para uma reflexão sobre a catástrofe climática no Rio Grande do Sul e suas vítimas. E expôs os objetivos e a dinâmica do projeto.
Por vídeo, Andréa Brondani, diretora geral da Mútua-RS, deu um depoimento tocante sobre a situação naquele Estado. “Vamos fazer deste episódio um momento de reconstrução. E nós mulheres, quando queremos, podemos nos incluir em todos os elos das cadeias produtivas.”
Antônio Ramalho referiu-se a Maristela como empresária comprometida com o social e responsável por iniciativas como o ConstruSer – Encontro Estadual da Construção Civil em Família. Adriana Ramalho, empresária e ex-vereadora, falou de sua trajetória e da importância de as mulheres ingressarem na política e conquistarem posições de liderança nos partidos.
Rosa Maria Crescencio, coordenadora do Laboratório de Ensaios Tecnológicos da Escola Senai Orlando Laviero Ferraiuolo, relatou sua caminhada para se formar engenheira na década de 90 e os preconceitos e assédios sofridos nos primeiros anos de atividade nas obras. “Enfrentei com autoestima elevada e certeza de meus objetivos.”
O professor Moacir Sakuma, da Etec Getulio Vargas, relatou ser crescente o número de mulheres que fazem o curso técnico de Edificações: “Elas estudam mais, querem aprender mais e registram menor índice de evasão”.
Izildinha Nascimento, do Comitê Gestor do Programa Mulher do Crea-SP, relatou sua trajetória como engenheira agrônoma e defendeu a maior participação da mulher em entidades de classe e profissões. André Naves, defensor público, expressou que cuidar dos outros traz aprendizado e transformações.
Melhorias necessárias
Isadora de Castro, coordenadora do time de satisfação do cliente da Softplan, apresentou os resultados de pesquisa feita pela Comunidade Sienge junto a 600 mulheres que trabalham na construção civil.
Segundo a enquete, 77% das entrevistadas afirmaram que o preconceito contra a mulher segue existindo no setor; 67% disseram se difícil alcançar uma posição de destaque nas empresas; 53% acreditam que existem oportunidades para tanto; e 73% disseram ser necessário conquistar mais espaço nas lideranças.
A pesquisa mostrou uma percepção das entrevistadas sobre um ambiente machista, com poucas lideranças femininas e dificuldade de acesso a networking, com falta de oportunidades de crescimento na carreira. E apontou a necessidade de igualdade salarial e abertura de espaço entre as lideranças.